segunda-feira, 31 de março de 2014

Eu não consigo mais acomodar você dentro de mim depois da pasmaceira de tempo perdido, de jogo barato, de sedução cheia de recato. A mesma atitude de todos eles, todos os que eu não quis porque provavelmente não iam me querer por muito tempo. Não fiquei com raiva porque eu não tenho espaço o suficiente aqui dentro para ter raiva de muitas coisas e, naquele momento, eu tava com irritada com algo que segurou meu foco. Mas eu senti uma preguiça profunda quando te vi ali, plantado embaixo da minha janela fazendo pose de ciumento arrependido. Fazendo cara de marido ressentido. Vítima tirana da minha democracia: “vamos decidir juntos o que a gente vai fazer nesta tarde vazia? Desta vida vadia? Desta cara emburrada? Deste jeito escroto de querer que eu seja exatamente o contrário daquilo que te atraiu no início?”.

Eu não consigo mais acomodar você dentro de mim porque eu fiquei bem cansada da tua autopiedade. Desta falta de dignidade. Da necessidade de seduzir pra me distrair e se autoafirmar. Sua mania de tentar despertar emoções e tentar tirar tudo do seu indevido lugar.

E por não conseguir mais te acomodar aqui dentro de mim, eu te peço:
Por favor, deixa em paz o meu caos.

Marla de Queiroz

domingo, 30 de março de 2014

"É estranho quando as coisas simplesmente têm de terminar. É o estágio onde todos os sentimentos já evoluíram para um nada. É o nada que você optou para parar de sentir dor. No início você briga, chora, faz drama mexicano. Então percebe que é cansativo demais manter esse jeito de levar as coisas. Acostuma-se… Não que pare de doer, mas que cai no seu entendimento que às vezes perdemos algo e não há solução. No fim você coloca um sorriso no rosto e finge que é sincero, até que a vida o faça realmente ser. Talvez os amores eternos sejam amenos e os intensos, passageiros. É isso." 
_Caio Fernando Abreu.

sábado, 29 de março de 2014

''Já não se encantarão os meus olhos nos teus olhos,
já não se adoçará junto a ti a minha dor.

Mas para onde vá levarei o teu olhar
e para onde caminhes levarás a minha dor.

Fui teu, foste minha. O que mais? Juntos fizemos
uma curva na rota por onde o amor passou.

Fui teu, foste minha. Tu serás daquele que te ame,
daquele que corte na tua chácara o que semeei eu.

Vou-me embora. Estou triste: mas sempre estou triste.
Venho dos teus braços. Não sei para onde vou.

...Do teu coração me diz adeus uma criança.
E eu lhe digo adeus.''

Pablo Neruda

“Sabe qual é a triste verdade? As pessoas gostam do sentimento de saber que alguém corre por elas. As pessoas gostam de saber que tem o domínio sobre outra pessoa. As pessoas fingem precisar de quem não precisam, pelo simples fato de quererem se sentir amadas. As pessoas apaixonam umas as outras, sem a intenção de estar junto. As pessoas gostam dos finais, e fazem de tudo pra jogar a culpa do outro lado. A maioria não ama, faz amar. E nunca são o que se dizem ser.”
_ Sean Wilhelm

"Aí, em devaneios, seu coração não para de pensar e o seu cérebro passa a bater descompassado." 
__Angélica Luiz | Trecho
"Não mendigue atenção de quem quer que seja. Não se esforce para compartilhar minutos com quem está mais interessado em coisas que não te incluem. Não prolongue a conversa apenas para ter o outro por perto, quando você perceber que precisa se esforçar bastante para que o monólogo vire um diálogo. Esqueça. Prefira a sua solidão genuína à pseudo presença de qualquer pessoa. Ainda digo mais: Perceba que existem pessoas que curtem dividir a atenção contigo sem que você precise desprender esforço algum. Aproveite o que te dão de livre e espontânea vontade. Dispense o que te dão por força do hábito ou por conveniência. Esqueça o que não querem te dar. Cada um dá o que pode." 

_Autor Desconhecido

"Só que eu escolheria você. Você que tem esse jeito desajeitado. Esse encanto desencantado. Essa melodia desafinada. Esses erros tão errados, esses acertos tão acertados. Você que me entende, desentende, briga, faz as pazes, ama, desama, está junto, foge. Você que senta ao lado e sai correndo. Que é puro e meio pagão. Desconfiado e pé no chão. Sincero e verdadeiro. Importante e especial. Valente e traiçoeiro. Você que chegou e destruiu qualquer resistência que eu pudesse vir a ter. Se eu pudesse escolher, escolheria você. Você, que me deixa feliz e infeliz. Contente e descontente. Alegre e criança. Pura e selvagem. Inocente e indecente. Amada e odiada. Você, que me faz ter todas as sensações do mundo."
_Clarissa Corrêa
"A gente pensa: vou ficar só mais um pouquinho antes de dizer adeus. Fica ali e acaba criando raiz. A gente pensa: dessa vez não vou deixar que me magoe de novo. Quando vê já se feriu, já se cortou. A gente pensa: Amanhã é outro dia. Sim, é outro dia, dai você ama no outro dia também e assim por diante. Acabamos por decidir não pensar, só sentir." 
_L. Martins

sexta-feira, 28 de março de 2014

quinta-feira, 27 de março de 2014

24/03/14

E eu volto a pensar que eu não aprendo com meus erros, não que pareçam erros - digamos acontecimentos - por mais que não aprenda com tudo que aconteceu, eu ainda continuo agindo da mesma forma, por amor talvez, pelo carinho, a amizade, aquela coisa toda que só nós temos, mas continuo agindo como uma tola emotiva e sempre após tempos ao seu lado e você voltando a ser como de costume, eu volto a pensar o mesmo "que tola eu fui de achar que seria diferente dessa vez". Tudo bem que não chegamos a um "não teremos mais nada" como de costume, mas com o tempo está ficando mais fácil dizer e pensar isto e aprendemos a perceber a hora certa de nos afastar.
_Renata MP

sábado, 22 de março de 2014

“Era a primeira revelação, tácita mas consciente, do sentimento que os ligava. Nenhum deles procurara ao outro, com simples olhos, não se escreve no papel, não se pode repetir ao ouvido; confissão misteriosa e secreta, feita de um a outro coração, que só ao céu cabia ouvir, porque não eram vozes da terra, nem para a terra as diziam eles. As mãos, de impulso próprio, uniram-se como os olhares; nenhuma vergonha, nenhum receio, nenhuma consideração deteve essa fusão de duas criaturas nascidas para formar uma existência única.”
— Helena, Machado de Assis.
Não percebi a chegada do outono. Mas eu sentia que estava embarcando numa nova estação: todas as árvores que (não) plantei, de repente, estavam nuas. E eu caminhava num tapete de folhas e flores. Os caminhos também se estreitaram e tive uma sucessão de perdas, ou melhor, tive uma sucessão de trocas. E assim, como toda pessoa que tem um coração pulsando, fiquei assustada demais com as mudanças. Mas agora já consigo perceber beleza na nudez de cada uma das minhas árvores prediletas. Elas apenas estão trocando de roupa enquanto eu troco de pele, tamanha cumplicidade. Então, quando bate a ansiedade e meu coração taquicardíaco começa a doer, ponho a mão nele e digo a mim mesma: “Obrigada por, pelo menos, poder sentir que não estou sozinha”. Porque eu não perdi uma estação, eu perdi a mim mesma e agora me sinto como um prédio que foi demolido e está sendo reconstruído, tijolo a tijolo novamente. E esse processo é muito difícil, mas acho também a experiência mais bonita que uma pessoa possa vivenciar. Toda reforma, é para fazer melhoras e, algumas coisas, por não poderem ser recuperadas, terão de ser substituídas. E a gente se apega demais a tudo. Pois estou tão disposta às reformas, mesmo que isso inclua marretadas no meu coração logo pela manhã, bem cedo...

Marla de Queiroz

quinta-feira, 20 de março de 2014

Simplesmente o amo, sem mais. 
Sem muitas linhas e sem muitas falas, 
o amo e ponto, 
ele sabe o que faz.
_Renata MP
"O jeito que ele me olha é que me inspira e desgoverna. Um jeito que me conhece no derramado de dedos que convidam. De quando eu peço abraço quando ele quer me dar, mas faço tudo quase num contorcimento de dor, e ele acha bom eu ser intensa. E a voz sem sossego, o corpo pronto e quente sempre. E, se ele demorou tanto, nós sabemos: amor também precisa amadurecer ou maturar na arnica, feito remédio. Nunca tive muita impaciência na espera, ele sabe. Pude pular de galho em galho e ir embora quando meu coração não queria ficar, enquanto. E, das vezes que quis ficar e não tive espaço, entendi. Funciona quase como o mesmo modo de quem faz ninho para um só passarinho, aquele todo especial. Mas eu exerci meu par de asas. E fui feliz com as paisagens que sobrevoei. Aí, quando eu menos esperava, ele chegou encompridando alegrias tão amenas, tão bestinhas. Fui compreendendo aquela falta de desespero. Eu achando graça na saudade. Eu perdendo o peso da lembrança só pra rir de tudo. Eu ficando leve. Eu sentindo sono logo na infância da noite. Porque meu coração estava, enfim, descansado. Eu achando bom meu coração pousar assim: decidido e destrambelhado."

_Marla de Queiroz

segunda-feira, 3 de março de 2014

06/02/2014

Sabe, eu gosto de voce e queria dizer muito isso e o fato de ser como é, faz ser diferente. Saber não esperar nada de voce é o que nos torna diferentes e eu gosto disso. Porque sempre que voce faz algo, eu vou saber que é porque voce quer e não por ser obrigado. Saberei que é sincero. Nao paro de pensar em você enão  me importo se um dia eu acordar e não o ter por perto. Claro que ficarei triste, mas passa. Ainda continuarei te adorando, mas como aprendi com você, saberei lidar com isso e possivelmente melhor do que antes. Mas a vontade de me expor e dizer toda a verdade sobre meus sentimentos anda crescendo, mas sei que ainda nao é a hora certa. Só saiba que gosto de estar com voce, de voce ser essa pessoa especial pra mim. 

domingo, 2 de março de 2014

Texto de: Priscila Nicolielo
Sempre deixei o amor me morder. Mesmo que efêmero. Mesmo que improvável. Mesmo que mínimo. Desarmava qualquer mudez do outro para atingi-lo. Não era de espera, de estratégia, de calma. Eu era de amar demais.
O medo empurra o amor pra longe. É um freio na felicidade. O medo é como dois cadarços amarrados, te impedindo de continuar. A chance amordaçada de pegar a rua do meio e mudar pra sempre o rumo. O medo embaralha o foco. Remove a graça da vida. Com medo, tudo é apenas sobrevivência.
Mas aí, alguém aparece. E o mundo treme. E nada mais se encaixa.
Sua coragem é demolida.
E você sente medo de quando ele te puxa pra perto. E te acomoda no peito. Sente medo do que se molda, depois de uma promessa. E mais medo chega, porque o amor dele é mutante e machuca demais. Porque ele se borda no corpo de outras, do mesmo modo que dorme no seu. Você sente medo da maneira como ele te olha, à medida que a noite emudece. E medo de amá-lo, além do seu limite. Porque é possível.
É provável.
Então, você percebe que se transformou em medo – ou o medo te tomou. E tudo fica até tranqüilo. Porque ele prorroga o sofrimento. É um Prozac com menos química, mais sonolência. O medo acarinha o teu cabelo e te faz dormir mansa. Pensamentos caóticos não vão te desequilibrar. O medo é superprotetor e prefere tua solidão ao teu choro.
Por mais que tentemos matar o medo, ele se aperta pra caber no coração. Vira uma demonstração que damos ao outro de nossas experiências.
Um dia, você sente falta de não ter medo, porque olhou pra ontem e compreendeu que ele foi seu único companheiro.
"Não confie na frase de sua avó, de sua mãe, de sua irmã de que um dia encontrará um homem que você merece. Não existe justiça no amor. O amor não é democrático, não é optar e gostar, não é promoção, não é prêmio de bom comportamento. Amor é engolir de volta os conselhos dados às amigas. Não se apaixonará pela pessoa ideal, mas por aquela que não conseguirá se separar. A convivência é apenas o fracasso da despedida. O beijo é apenas a incompetência do aceno. Amor é uma injustiça, minha filha. Uma monstruosidade. Você mentirá várias vezes que nunca amará ele de novo e sempre amará, absolutamente porque não tem nenhum controle sobre o amor."

Fabrício Carpinejar